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CEP 70380 – A QUADRA
por Vânia Amadeu
Para quem não sabe, 714 Sul é uma das várias quadras de funcionários do Banco do Brasil em Brasília inaugurada em 1961. Mas nos anos 60's era uma quadra bem diferente. A 714 Sul, com seus blocos mistos, de apartamentos e de casas, abrigou muitos pioneiros de Brasília. Pessoas que vieram de todos os lados desse Brasil. Que deixaram para trás suas famílias originais e seus amgos. Apesar do medo do desconhecido e do novo vieram tentar uma nova vida. Aventureiros para uns, loucos para outros, eles tiveram a coragem de desbravar este planalto de terra vermelha e imensos vazios. Pessoas que vieram em busca de um futuro melhor para nós, seus filhos. Neste contexto, laços de amizade muito fortes se formaram. Uma verdadeira rede de suporte se consolidou. Por força das circunstâncias nos tornamos em alguns casos a familia que ficou tão longe na terra natal.
Eram candangos* sim, pois ajudaram a construir esta cidade. Candangos, pois acreditaram no sonho da Capital da Esperança... Esperança hoje tão machucada, mas que apesar de tudo, não morre.
A vida tratou de dispersar essas vidas ao longo do tempo… crescemos, mudamos, casamos, tivemos filhos, alguns se foram. Uns preservarama amizade do dia-a-dia, mas a maioria perdeu o contato.
Atualmente, o frio CEP 70380 é o elo que, em junho do ano passado, reuniu 238 pessoas num grande encontro da 714 Sul, no Rancho Canabraba. Foi uma tarde para rever os amigos antigos, e re-conhecê-los.
A 714 Sul foi o local em que passamos nossa infância e adolescência. Muitos moram lá até hoje. Era lá que brincávamos de pique bandeira, de soltar pipa, de carrinho de rolimã, de bola de gude, de finca, de roda, de pular carniça, de tomar banho nos esguichos da grama, de piquenique em cima das casas. Sem falar dos passeios à noite no cemitério, do futebol no campinho de terra vermelha, dos odiados "graminhas", das festinhas de aniversário, das discotecas na AABB, da Primeira Comunhão na Santo Cura D'Ars. A 714 de tantas lembranças boas e de outras... não tão boas. Não é só um Código de Endereçamento Postal, mas essas lembranças que nos une. Até hoje se falarmos: "vou lá na quadra", todos da família sabem que se trata da 714 Sul.
Atualmente as crianças nem brincam mais na grama e nem fazem seus próprios carrinhos de rolimã ou suas pipas. As cercas são altas e no calçadão aonde brincávamos de bete, hoje há carros estacionados. Mas saudosistas, contamos para os nossos filhos e netos: COMO ERA LEGAL LÁ NA QUADRA! O que vivenciamos nunca vamos ter de volta e nem pretendemos. Mas quem participou do Encontro de 2009, percebeu que de tudo ficou um pouco, ou melhor... ficou muito. Ficou o calor humano, o carinho, a amizade.
O CEP 70380 é agora aquecido pelas memórias que todos temos do quintalzão, que chamamos até hoje carinhosamente de A QUADRA.
* Leia o artigo “Candango: história de uma palavra”
@2010 Vânia Amadeu
6 comentários:
Oi Vânia,
Me emocionei muito com seus comentários, pois você conseguiu transmitir, exatamente, o que nós, que lá moramos, sentíamos. Meu pai (Celso, do bloco J), ainda mora lá, então a QUADRA, ainda é a minha realidade, mas que saudade daquele tempo, daquela alegria que contagiava ...
Um beijo no coração!
Beth
Oi Vânia,
Tempos maravilhosos, retratos de uma infância maravilhosa, de muitas brincadeiras, pessoas que construiram sonhos e foram agentes de outros sonhos. Estou emocionada em ler e rever tantos acontecimentos que marcaram minha infância e minha meninice. Saudades daquele tempo, saudades de vcs, saudades de impinar pipa em cima das casas e pegar amora nos quintas. Comer doces da campineira e jogar queimado na grama. Pique cola, pique pega, tardes embaixo dos prédios, em cima dos bancos, andando de bicicleta, brincando de virar adulto. até dia 26. Beijo no coração de todos
Adorei rever vocês nas fotos postadas. Pena eu não poder ir... Quem sabe na próxima? Beijos a todos e saudades sempre. DeniseSaback
Ah, Vânia... lembrança tem cheiro, né? Muitos cheiros! Um dos que não esqueço é o de fumo de rolo, da Vó Inácia!
Na solidão do Planalto, como você bem lembrou, formamos uma grande família. Na minha cabeça de criança feliz, a sua Vó, também era minha. Lógico! Ela era mãe do meu pai!!! E ele a queria bem como a uma mãe, pois era órfão desde os 7 anos...
Por isso, somos primas, primas de coração!
Beijo grande!!!
Mônica Eva
Vânia, você retratou muito bem todo o nosso sentimento com relação a "Quadra". Saí de lá por volta dos meus 10/11 anos mas tive o prazer de continuar amiga de muitas pessoas e a oportunidade de te reencontrar já adultas e compartilhar bons momentos profissionais... Este ano não poderei comparecer ao encontro, infelizmente. Um beijo prá você e também prá todos os amigos da "Quadra".
714 Sul
Por Moema Coaracy Muniz
A Quadra 714 Sul cresceu com Brasília, sendo nos idos dos anos sessenta, a mais bela quadra da Avenida W3. Aliás, talvez, este título possa continuar a lhe ser outorgado, apesar de já não apresentar a perfeição dos gramados verdes, regados pelo chuveirinho a conservá-los e a fazer a alegria da meninada recém-chegada à nova capital brasileira, filhos de funcionários do Banco do Brasil, um dos primeiros Órgãos a prestigiar a belíssima cidade, verdadeiro milagre realizado no Planalto Central, mas também por manter o seu projeto urbanístico intacto até os dias de hoje.
A meninada, tão amiga e tão feliz, cresceu. Mas não esqueceu a infância e a juventude. Muitos mantiveram a amizade e o contato. E decidiram reencontrar os que há muito estavam afastados. Conseguiram o seu intento, através da Internet. E, anualmente, formam uma turma coesa, amiga, que pode recordar, saudosamente, anos de um passado inesquecível.
Filhos, esposas, maridos, netos e bisnetos acompanham o grupo inicial. E a alegria ainda reina, de forma diferente, mas conservando o doce perfume do passado, que torna presente nas belas lembranças dos meninos e das meninas moradores da 714 Sul, nos anos sessenta onde, ainda, hoje, alguns permanecem.
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